Fiocruz Paraná inicia ações do Programa Mulheres e Meninas na Ciência 2024 no Dia Internacional da Mulher

por / terça-feira, 12 Março 2024 / Categoria Instituto Carlos Chagas

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado originalmente no dia 11 de fevereiro, foi comemorado este ano no ICC no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher. Em uma dupla festividade, o evento contou com uma programação especial que  homenageou todas as colaboradoras do instituto.

O projeto desta edição traz o tema “Saem Elas das Janelas” e adota como alegoria A Namoradeira, arte popular brasileira conhecida em todo o país. Símbolo de um tempo em que se compreendia a mulher de forma diferente, revestida dos preconceitos de seu tempo, a proposta ressignifica a imagem, mostrando o vasto universo observado pelas mulheres e meninas, convidando-as a saírem das janelas revestidas de sua curiosidade e seu conhecimento para transformar o mundo em um lugar melhor.

No lançamento do projeto, as atividades incluíram uma roda de conversa que se seguiu à palestra da convidada, a doutora Iyaguña Dalzira Maria Aparecida, além da apresentação de uma retrospectiva de ações realizadas nos últimos anos pelo ICC no contexto do Programa Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz. O evento culminou com uma oficina de composição musical, do qual resultou um jingle de incentivo às meninas às carreiras científicas.

O diretor do instituto, Stenio Fragoso, abriu a programação dando as boas-vindas às participantes e reforçando a importância do Programa Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz. “Hoje é um dia de celebração, mas ainda há muito a conquistar. Me solidarizo com a luta de vocês, por encararem a realidade com mais força. Homenageamos as mulheres cientistas que fazem desse instituto o que ele é, vocês são maioria aqui”, declarou o diretor.

Para a vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação e coordenadora de Extensão e Divulgação Científica do ICC, Maria das Graças Rojas Soto, que coordena o projeto, iniciativas como o Programa Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz são fundamentais para que as conquistas das mulheres sejam cada vez maiores. “Esse programa lança um edital anualmente, e já temos ações previstas até dezembro. Ontem, dia 07 de março, participamos do lançamento nacional desta edição no Rio de Janeiro. Fui ao evento acompanhada de uma menina egressa de uma ação nossa de anos anteriores,  “Cientista Madrinha”, que hoje é aluna de Iniciação Científica no ICC, ilustrando a importância das ações que fomentam o interesse das meninas pela ciência”, reforçou Maria das Graças.

Um vídeo exibido aos participantes mostrou o panorama de ações realizadas de 2020 até hoje no ICC, incluindo a proposta “Cientista Madrinha”, a primeira ação interna “Cafeminina”, a instalação artística “Toda Ciência Nasce de um Ventre”, a exposição digital “Ciência na Ponta dos Dedos”, a coletânea de vídeos “Sons que Semeiam Sonhos”, e os  jogos “Vista Cientista”  e  “No Rastro de Merit”. Todas estas são ações voltadas à valorização da trajetória de mulheres cientistas e à inspiração das meninas que desejam seguir o caminho da ciência.

Uma história que inspira

A convidada especial Iyagunã Dalzira Maria Aparecida é considerada marco da  educação na luta pela transformação social em Curitiba. Ela trouxe inspiração a todas ao contar sobre sua trajetória de vida e pela conquista de um título de doutorado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), aos 81 anos.

Iyagunã foi alfabetizada em casa pela família, ingressou adulta no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) onde concluiu seus estudos aos 47 anos. Aos 63, começou a cursar a graduação em Relações Internacionais. Aos 72, defendeu seu mestrado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e aos 81 anos se tornou doutora. “Eu saí da janela aos 36 anos pelas mãos da minha filha, a quem fiz estudar e, ao terminar seus estudos, me levou para a universidade, dizendo que agora era minha vez”, conta Iyagunã. Ela encantou a todos falando sobre ciência, academia, religião, gênero e raça, por meio de sua trajetória pessoal, enfatizando a importância de se sair da janela e se dispor à ação e à resistência. “Me senti à vontade no ICC, fui muito bem recebida nesse espaço. É necessário, cada vez mais, ocuparmos esse lugar de fala. Eu sou muito otimista, precisamos acreditar sempre e fazer o que temos vontade em todas as áreas e na área da pesquisa, desde que seja honesto, digno. A pesquisa é infinita, quanto mais pesquisa, mais descobertas”, ponderou a convidada.

“Sempre escolhemos uma pessoa de renome numa área, que tenha uma trajetória acadêmica e científica consolidada. A Iyagunã passou por todo o trilhar acadêmico: fez graduação, mestrado, doutorado e está aqui hoje, podendo conversar com a gente, na condição de doutora, com 82 anos. Ela nos trouxe uma visão dela, cientista. Nisso se soma o fato de ser negra; se soma o fato de ser mãe de santo; o que, na verdade, são características que agregam à discussão que a gente traz hoje”, acrescentou Maria das Graças. “A Fiocruz tem uma política de equidade de gênero e raça na qual fortemente estão incluídas as políticas afirmativas. Temos o privilégio de ter encontrado uma pessoa no Paraná que fez uma universidade federal no estado e que tem todo esse histórico de vida para vir conversar hoje conosco”, finalizou a vice-diretora.

Crédito das fotos: Itamar Crispim.


TOP