Aula Inaugural do PPGBB debate avaliação dos programas de Pós-graduação realizada pela CAPES
No dia 24 de abril, o Programa de Pós-graduação em Biociências e Biotecnologia (PPGBB) do Instituto Carlos Chagas (ICC/ Fiocruz Paraná) realizou sua Aula Inaugural do ciclo 2024. O evento recebeu o pesquisador membro da equipe de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na área de Ciências Biológicas I, Carlos Menck. O convidado falou sobre o tema “Avaliação Quadrienal da Capes e a área CBI” e trouxe dados do levantamento feito na elaboração do Plano Nacional da Pós-graduação, que terá sua versão final lançada no próximo ano.
A coordenadora do PPGBB, Tatiana Brasil, iniciou o encontro lembrando a importância de participar das discussões dos temas trazidos semanalmente ao instituto. “Nosso ciclo de seminários, que se inicia hoje com esta Aula Inaugural, traz a oportunidade para que conheçam outras pesquisas, um pouco de atuação de cada um, para que promovam o senso crítico e tenham noções sobre ferramentas que que complementarão as pesquisas que desenvolvem dentro do programa”, ressaltou.
Ao dar boas-vindas aos discentes, a vice-diretora de Ensino do Instituto, Maria das Rojas Soto, enalteceu o convidado e o tema escolhido para inaugurar o ciclo de seminários. “Iniciamos o ano letivo oferecendo muitas coisas boas e hoje o professor Menck está colaborando conosco. Ele traz um tema sensível, que á a avaliação. Por um lado, ninguém gosta de ser avaliado, mas por outro, é a avaliação que nos permite sermos melhores. Só conseguimos crescer se passarmos por esse processo que nos dá rumos e fortalece a caminhada dos pesquisadores em formação”, concluiu.
O diretor do ICC, Stenio Fragoso, saudou os alunos e o palestrante. “Menck já é da casa, um pesquisador talentoso que tem uma visão de ciência importante de ser compartilhada. Além dos anos de atuação na Capes e seu conhecimento sobre o sistema, é um combatente da negação à ciência e luta de forma forte e competente pela sua valorização “, disparou.
Capes e a Pós-graduação no Brasil: Qualidade é fundamental
Carlos Menck apresentou durante sua fala dados obtidos durante a elaboração do Plano Nacional da Pós-graduação, com previsão de lançamento em 2025. O panorama histórico da evolução na área desde 1970, mostra um crescimento importante. “Atualmente temos programas consolidados em todas as regiões do país; ainda há um caminho a ser percorrido, muita assimetria a vencer, mas podemos comemorar a evolução, principalmente nesses últimos 10 anos, em que registramos um crescimento de 34% no número de programas implantados”. Segundo os dados apresentados por Menck, 92% desses programas estão em universidades e instituição públicas, o que considera uma característica positiva.
O convidado provocou a discussão sobre o porquê formar doutores e qual o impacto dessa formação para o país. “Países em desenvolvimento apresentam um número grande de doutores. O Brasil está bem abaixo nesse quesito, com 10 doutores para cada 100 mil habitantes. Nós acreditamos que essa formação pode alavancar o país econômica e socialmente”, reforçou.
Especificamente sobre a área de Ciências Biológicas I da Capes, Menck falou sobre os números dos programas e sobre os aspectos definidos para avaliação. “Hoje temos 59 programas acadêmicos e 03 profissionais na área CBI. Mantivemos um processo de avaliação quantitativo, garantindo ao menos que a qualidade das revistas científicas das publicações fosse mantida. Também colocamos foco na produção técnica, com a inclusão do fator de divulgação em ensino como novidade”, explicou.
O pesquisador ainda falou sobre a produção científica versus inovação. “Somos bem colocados no quesito produção científica e mal colocados no quesito inovação. Isso acontece porque hoje são as instituições públicas que fazem inovação no Brasil. A iniciativa privada investe muito pouco e precisa ser estimulada e cobrada para investir mais. Além disso, é preciso consolidar o diálogo entre as esferas públicas e privadas nessa área”, concluiu.
Menck abordou também questões importantes como o valor das bolsas de estudos destinadas aos estudantes. “Quem faz ciência hoje, precisa ser bem remunerado e a busca dessa melhoria depende de divulgarmos a ciência que fazemos. Precisamos mostrar para a sociedade o quanto a ciência é importante para ela”, finalizou.
Fotos: Itamar Crispim