Perspectivas da inovação
No dia 25 de outubro, o IOC promoveu o primeiro encontro do projeto ‘Diálogos sobre Inovação – discutir o presente pensando o futuro’, iniciativa que busca incentivar o debate sobre a temática, em sintonia com as diretrizes do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Política de Inovação da Fiocruz
Com o objetivo de incentivar o debate sobre inovação, em sintonia com as diretrizes do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Política de Inovação da Fiocruz, o Instituto Oswaldo Cruz (VDPDTI/ IOC) promoveu, por meio da Plataforma de Apoio à Pesquisa e Inovação (PAPI/IOC), o projeto ‘Diálogos sobre Inovação – discutir o presente pensando o futuro’. Integrada ao VI Encontro do IOC, a primeira atividade da iniciativa, realizada no dia 25 de outubro, reuniu a diretora do Departamento de Inovação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (InovUerj), Marinilza Bruno de Carvalho; o pesquisador do Instituto Carlos Chagas (Fiocruz-Paraná), Paulo Costa Carvalho; e a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e líder dos grupos de pesquisa ‘Inovação e Sociedade’ e ‘Inovação na Gestão Pública’, Branca Regina Terra, para debater a interação entre Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e universidades e a iniciativa privada (empresas e indústrias), tendo como fio condutor o processo de inovação.
Desde os anos 1990 e, prioritariamente, no cenário pós-leis de inovação, os protagonistas do processo de inovação no país vêm implementando ações botton up e top down de apoio à inovação – como os próprios nomes sugerem, os termos se caracterizam por determinar uma orientação descendente, no primeiro caso, e ascendente, no segundo, quanto ao curso da tomada de decisão estratégica. Esta informação foi dada pela professora Branca Terra, no início de sua apresentação. “Ações top down, em suma, são uma forma de organizar e sistematizar o que já está no foco das demandas sociais”, explicou. “As universidades que mais ganharam dinheiro com projetos inovadores têm uma característica em comum: liderança”, completou a pesquisadora, enfatizando que “sem essa característica um projeto de inovação fica fadado à gaveta de um escritório”.
A líder dos grupos de pesquisa ‘Inovação e Sociedade’ e ‘Inovação na Gestão Pública’ da Uerj destacou, ainda, que a universidade vem estudando o contexto brasileiro de inovação, desenvolvendo projetos de pesquisa, implementando estruturas organizacionais e divulgando os resultados para a sociedade. Além disso, Branca elencou os desafios a serem enfrentados a partir das novidades trazidas pelo Decreto nº 9.283 de 7 de fevereiro de 2018, que regulamenta o Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei nº 13.243/2016). “Definir os indicadores de desempenho de ambientes promotores da inovação de acordo com as regiões onde estes estão instaladas, assim como elaborar uma política de inovação alinhada às políticas de progressão funcional são os principais desafios das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e universidades atualmente”, citou.
Parceira de Branca na Uerj, Marinilza Bruno de Carvalho iniciou a palestra destacando que empreendedorismo e atitude devem caminhar lado a lado. “A visão empreendedora consiste em percepção e consenso. Em 1992, começamos com a Política de Inovação da Uerj e, em seguida, criamos uma disciplina sobre empreendedorismo. Em 2000, a então reitora da universidade me pediu para criar um núcleo de propriedade intelectual, que hoje se chama Departamento de Inovação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (InovUerj). Um ano depois, demos entrada em nossa primeira patente”, contou.
Durante a apresentação, a diretora detalhou também o organograma do InovUerj e as metodologias de inovação utilizadas pelo departamento. “Nos dividimos entre o escritório de propriedade intelectual, que orienta, elabora e acompanha os procedimentos de proteção, negociação e transferência de tecnologia; o observatório de inovação, que cria e mantem uma infraestrutura de Tecnologias de Informação e Comunicação específica para o desenvolvimento, acompanhamento e divulgação da inovação na Uerj; e o escritório de projetos, cujo objetivo é identificar os projetos de inovação na Universidade e a interação com a sociedade, por meio das incubadoras, empresas juniores e parques tecnológicos”, explicou. Quanto às metodologias, Marinilza listou as mais utilizadas pelo departamento. “Prospecti, Canvas, NR, Construção de conhecimento robusto, Construção de indicadores – A3 e Práticas PMI são os métodos de inovação que nós trabalhamos”, disse.
A última palestra do evento ficou por conta de Paulo Costa Carvalho, pesquisador do Laboratório de Proteômica e Engenharia de Proteínas do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná). Entre declarações sobre a importância da interação entre engenheiros, químicos e profissionais da área de ciências da computação e a frequente utilização da espectrometria de massa por empresas do setor de análises clínicas, o também editor do Journal of Proteomics chamou atenção para os seguintes projetos: PatternLab for proteomics, DiagnoProt e SIM-XL. Segundo ele, o primeiro consiste em um ambiente computacional complexo que viabiliza a análise de dados proteômicos. “Essa tecnologia que permite, por exemplo, a identificação e quantificação de proteínas presentes em amostras biológicas complexas como biópsias ou fluídos biológicos, que incluem sangue e saliva. Tais conhecimentos são fundamentais para o entendimento de doenças, para auxiliar no desenvolvimento por tratamentos mais eficazes e para o avanço nos diagnósticos”, comentou.
Já em relação ao software DiagnoProt, Paulo o caracterizou como um classificador de perfis proteômicos e identificador de espectros discriminativos. “O software pode identificar espectros de alta qualidade que atendem aos critérios de controle de qualidade, mas que ainda assim não foram identificados por mecanismos de busca proteômicos”, esclareceu. Por fim, ele definiu o SIM-XL como um identificador da interação proteína-proteína e proteômica estrutural.
O diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, parabenizou os palestrantes pela riqueza das apresentações e salientou a importância de trazer o debate sobre inovação para as dependências do Instituto. “Quero agradecer a presença dos convidados e também de todos os pesquisadores que puderam comparecer ao evento. Como forma de ampliar ainda mais esse debate, acho que deveremos trazer essa pauta para o Conselho Deliberativo (CD) do IOC, que é a instância máxima de decisão do Instituto e por isso reúne, em sua maioria, as chefias de laboratório”, finalizou.
Fonte: Serviço de Jornalismo IOC/ Fiocruz
Kadu Cayres