Fiocruz Paraná ganha protagonismo nos estudos sobre o novo coronavírus na região

por / quinta-feira, 22 Abril 2021 / Categoria Sem categoria

Pesquisas incluem soluções para diagnóstico precoce, monitoramento das mutações genéticas do vírus e a investigação da resposta imunológica em pacientes com comorbidade

Responsável pelo sequenciamento genômico de um recorte de amostras do SARS-CoV-2 que circulam no Paraná, o Laboratório de Ciências e Tecnologias Aplicadas em Saúde do Instituto Carlos Chagas (ICC/ Fiocruz Paraná), vem ganhando também um protagonismo nas pesquisas que objetivam aperfeiçoar o diagnóstico da Covid-19. Os estudos estão fase avançada e contribuem para o enfrentamento da pandemia, despontando com soluções para a otimização do tempo de resultados e facilidade na aplicação dos testes.

Esforços para garantir o diagnóstico rápido e precoce da doença

“O controle de SARS-CoV-2 depende de diagnósticos precisos e sensíveis para promover o isolamento eficaz e relaxar o distanciamento social com segurança, e soluções escaláveis para testagem adequada às políticas de saúde pública”, explica o chefe do Laboratório de Ciências e Tecnologias Aplicadas em Saúde, Luis Gustavo Morello. Com a proposta de enfrentar desafios inerentes à defasagem tecnológica da indústria nacional em relação a produtos e dispositivos que possam ser disponibilizados ao Sistema Único de Saúde, o grupo de pesquisadores desenvolve estratégias para o diagnóstico rápido da Covid-19.

“Esse projeto prevê que, a partir da coleta da amostra, o resultado possa ser liberado em até 15 minutos, pois tem o mesmo princípio do popular teste de gravidez de farmácia”. O teste já foi desenvolvido e validado em cooperação com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná e Complexo Hospitalar do Trabalhador e encontra-se com pedido de registro de produto em análise na ANVISA”.  A iniciativa ainda conta com a parceria da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/ Fiocruz).

Os pesquisadores também estão comprometidos com a simplificação no processo de coleta de amostra para disseminar soluções para o diagnóstico da Covid-19 de forma precoce. “A ideia é que a própria população possa coletar amostras de saliva. Nesse cenário, não seriam necessários profissionais de saúde e infraestrutura para realizar a coleta, diminuindo riscos e otimizando o processo”, destaca Luis Morello. A tecnologia ainda garantiria a mesma técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês) e poderia contemplar a triagem da população, especialmente os assintomáticos. “Já atingimos um desempenho diagnóstico de 80% nessa iniciativa e nossa meta é chegar à taxa mínima de 90% de concordância com o método-padrão. Mais da metade do trabalho já foi realizado, a previsão é que, daqui a quatro meses, teremos a validação”, avalia o chefe do Laboratório.

Ainda nesse contexto, um teste diagnóstico utilizando detecção genética do vírus é outro destaque do Laboratório de Ciências e Tecnologias Aplicadas em Saúde. A tecnologia utilizada está associada ao desenvolvimento de dispositivos diagnósticos rápidos para a detecção de doenças no ponto de atendimento (Point-of-Care), uma das competências desse grupo de pesquisadores. “O trabalho inclui o desenvolvimento de sistemas biomédicos para a criação de dispositivos Lab-on-a-Chip, que têm a capacidade de integrar as funções de um laboratório em um único chip de análise”, esclarece Morello. “Isso representará um grande salto em relação a detecção do SARS-CoV-2, já que é uma tecnologia aplicada de forma rápida, descentralizada e acessível”, finaliza o pesquisador.

O Laboratório de Ciências e Tecnologias Aplicadas em Saúde ainda conta com uma linha de pesquisa que busca caracterizar a resposta imunológica do novo coronavírus em pacientes com câncer. Em parceria com o Hospital Erasto Gaertner e com a Universidade Federal do Paraná, análises de amostras estão sendo realizadas nessa fase do estudo.

Monitoramento das variantes do vírus no Paraná

Parte das ações da Rede Genômica da Fiocruz, o trabalho dos pesquisadores da Fiocruz Paraná identificou, no final do mês de março, a prevalência da linhagem P1 no Estado, variante brasileira originária do estado do Amazonas e que circula desde o final do ano passado no país. O estudo foi pioneiro porque analisou um recorte de amostras originárias de cinco regiões paranaenses e, consequentemente, gerou resultados mais precisos e abrangentes. “A relação entre as cepas que estão circulando e o tipo de paciente que a amostra representa está evidenciada nesse trabalho. Atualmente, ampliamos o número de amostras e, com a expertise do laboratório, montamos aqui no Paraná, um núcleo que pode identificar cepas novas e investigar aspectos da pandemia de forma regionalizada”, explica o chefe do Laboratório. O estudo conta com a parceria da Universidade Federal do Paraná, Instituto de Biologia Molecular, Laboratório Central de Saúde do Paraná e Secretaria Estadual de Saúde.

Segundo Luis Morello, o futuro das pesquisas na área deve garantir condições para prevenir que eventos como a pandemia não aconteçam mais com essa intensidade. “Hoje, há um esforço global para um único fim. Já registramos avanços importantes para entender a Covid-19. Se não estivéssemos vivendo uma pandemia, não chegaríamos a esse nível de conhecimento de forma tão rápida, já que a ciência tem seu tempo para gerar resultados. Aprendemos muito nesse último ano”, conclui.


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