Estudante da Fiocruz Paraná ganha Prêmio Jovem Geneticista e participa de curso internacional na Coreia do Sul

por / quinta-feira, 25 setembro 2025 / Categoria Destaque, Instituto Carlos Chagas

Isabelle Zaboroski Silva, pós-doutoranda do Grupo de Doenças Raras da Fiocruz Paraná, vem construindo uma trajetória científica marcada por curiosidade, dedicação e impacto social. Formada em Biotecnologia pela PUCPR, com mestrado e doutorado em Biociências e Biotecnologia pela Fiocruz Paraná, Isabelle se encantou desde cedo pela genética humana. “Desde criança tinha curiosidade em entender como o corpo humano funciona. Durante a graduação, entrei em iniciação científica pesquisando variantes relacionadas a doenças metabólicas. Cada etapa reforçou minha paixão pela pesquisa e pelo impacto que ela pode ter na vida das pessoas”, relata.

Recentemente, Isabelle recebeu o Prêmio Jovem Geneticista – Francisco Mauro Salzano, durante o 70º Congresso Brasileiro de Genética, reconhecimento máximo da Sociedade Brasileira de Genética para jovens pesquisadores. O prêmio celebra não apenas a qualidade científica, mas também a relevância social da pesquisa desenvolvida por Isabelle. Ela também participou de um curso internacional na Coreia do Sul, entre os dias 25 e 29 de agosto, promovido pelo Instituto Pasteur Korea, focado em triagem de fármacos com tecnologia de High Content Screening.

O projeto que rendeu a premiação tem um título instigante: “Impact of the CYFIP2 R87C variant in a human neuronal model in vitro”. Em termos simples, a pesquisa busca entender como uma mutação no gene CYFIP2 – associada a uma rara encefalopatia epiléptica – afeta o neurodesenvolvimento. A equipe de Isabelle desenvolveu o primeiro modelo humano baseado em células-tronco para estudar essa mutação, diferenciando células-tronco em progenitores neurais, neurônios corticais e organoides cerebrais, comparando células com e sem a variante genética. “Agora avançamos para testar fármacos em busca de um possível ‘resgate de fenótipo’, ou seja, tentar reverter os efeitos da mutação. É um primeiro passo, mas que pode abrir caminho para alternativas terapêuticas no futuro”, explica Isabelle.

A ideia de investigar o CYFIP2 R87C surgiu a partir do caso de uma criança de Santa Catarina diagnosticada com a doença. “A família buscou apoio no ICC com a esperança de entender melhor a doença. Esse encontro mostra como a pesquisa científica pode responder a demandas reais de pacientes e contribuir para a saúde pública”, afirma Isabelle.

Sua orientadora, Patrícia Shigunov, destaca a relevância do projeto e a dedicação da aluna: “O trabalho da Isabelle demonstra excelência científica e compromisso social. Os prêmios que ela vem conquistando refletem a qualidade de sua pesquisa e o impacto que suas descobertas podem ter para pacientes com doenças raras”, comenta.

Além da experiência técnica adquirida, o curso na Coreia proporcionou à pesquisadora contato direto com cientistas do Institut Pasteur e instituições parceiras ao redor do mundo. “As conversas e trocas de experiências foram inspiradoras e trouxeram várias ideias para projetos de longo prazo. Esse tipo de vivência fortalece não apenas meu trabalho individual, mas também a atuação do ICC, tornando-o mais competitivo e conectado internacionalmente”, avalia Isabelle.

Os próximos passos do projeto incluem expandir os modelos de células-tronco pluripotentes para outras doenças raras do neurodesenvolvimento e desenvolver ferramentas de terapia gênica, além de aplicar o modelo de CYFIP2 em triagem de fármacos. Paralelamente, Isabelle atua como conselheira científica da CYFIP2 Network e consultora na startup Invitrall, unindo ciência, contato com pacientes e indústria em busca de soluções inovadoras.

Para jovens pesquisadores que sonham em seguir caminho semelhante, Isabelle deixa uma mensagem inspiradora: “Acredite em você. Busque ser melhor a cada dia, sem se comparar com outros. O caminho da ciência é árduo, mas a persistência traz resultados. E construa uma rede de apoio — isso torna a jornada muito mais leve”.


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