Virologista do ICC esclarece dúvidas sobre Zika vírus no Senac PR

Com informações do Núcleo de Comunicação e Marketing SENAC PR
O Zika vírus é um fenômeno novo que tem desafiado pesquisadores do mundo inteiro.Apesar de ainda haver mais perguntas do que respostas, muito tem sido estudado e desenvolvido para se chegar a conclusões e soluções que possam auxiliar na prevenção e no combate dessa virose. Para falar sobre o que já se sabe e o que ainda está sendo pesquisado, a chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto Carlos Chagas (ICC/ Fiocruz Paraná) – um dos cinco laboratórios sentinelas do Ministério da Saúde para Zika vírus no país –, Cláudia Nunes Duarte dos Santos, ministrou, no último dia 13 de abril, a palestra Zika vírus: situação atual e perspectivas. A ação foi organizada pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) do Senac PR e ocorreu no auditório da Administração Regional, em Curitiba.
O diretor regional do Senac PR, Vitor Monastier, abriu o evento e deu boas-vindas aos participantes. “Nós, Senac, somos uma instituição dirigida por pessoas para pessoas. O principal ator do nosso trabalho é o ser humano e hoje temos a oportunidade de receber Dra. Cláudia, uma das maiores especialistas na área para esclarescer aspectos relacionados a essa epidemia. Nos sentimos presenteados”, resumiu o diretor.
Situação atual
Apesar de nenhuma morte ter sido relatada e autolimitada, segundo a especialista, o número de casos de infecção pelo Zika vírus tem aumentado. “A situação está ficando grave”, disse. Como os sintomas podem ser confundidos com outras doenças infecciosas, o diagnóstico é dificultado. “Se uma pessoa vai ao médico com manchas no corpo e com febre, e se esse médico não estiver muito habituado a lidar com esses pacientes, ele não vai saber se o problema é dengue, se é Chikungunya, se é Zika, ou se é outra coisa, como influenza ou hantavírus”.
Nem todas as pessoas infectadas pelo Zika desenvolvem manifestações clínicas, mas, quando presentes, podem incluir manchas no corpo, edema atrás da orelha, febre baixa, conjuntivite, inchaço nos punhos e tornozelos. Os sintomas podem durar de três a sete dias.
Certezas
Entre as informações já confirmadas pelos pesquisadores, a que mais preocupa é que o Zika pode, sim, causar microcefalia. Foi descoberto que ele passa para a placenta da grávida infectada e pode atingir o cérebro do feto. Outro ponto comprovado é que o Zika pode ser transmitido por relação sexual. Por enquanto, os únicos casos registrados são de homens que viajaram para áreas infectadas e transmitiram o vírus para suas parceiras por meio de relações sexuais.
A transfusão de sangue é outro meio de transmissão, uma vez que um doador infectado pode não apresentar os sintomas da doença. A prevenção desse tipo de transmissão só será possível quando os hemobancos dispuserem de kits para diagnóstico do Zika vírus. Isso deve ocorrer a partir de junho deste ano.
Inconclusões
De acordo com a virologista, ainda não há vacinas seguras e nem remédios que combatam o Zika vírus. Também não há conclusões científicas sobre quanto tempo o vírus pode permanecer na corrente sanguínea de uma pessoa infectada. Dessa forma, não é possível dizer, por exemplo, quanto tempo depois de desenvolver os sintomas da doença uma mulher poderia engravidar sem riscos para o bebê. Além disso, o vírus já foi identificado na saliva e na urina humana, mas esses ainda não são meios de transmissão comprovados.
Prevenção
As previsões para 2016 são de que o vírus vai continuar se espalhando, podendo originar 15 mil casos de bebês microcéfalos no Brasil. Além do índice de infestação do Aedes aegypti ser muito alto, pesquisadores investigam a possibilidade do Zika vírus ter outros mosquitos como vetores.
Diante desse cenário, a dica da especialista é prevenção. Além de todas as medidas frequentemente anunciadas, como o combate à proliferação do Aedes – uma responsabilidade de todos, a virologista lembra da importância da aplicação do repelente dia e noite – com a presença de luz artificial, o mosquito fêmea pode estar picando também no período noturno –, o uso de telas, de roupas compridas e, principalmente para gestantes, o uso de preservativo.
Sobre a palestrante
Chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná), Cláudia Nunes Duarte dos Santos é pesquisadora titular do ICCe possui graduação em Ciências Biológicas (1982), mestrado em Genética (1987) e doutorado em Virologia Molecular pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994).
Realizou pós-doutorado no Instituto Pasteur de Paris. Desenvolve projetos em virologia molecular, tanto pesquisa básica como aplicada. As principais linhas de estudo envolvem flavivirus, especialmente Zika vírus, dengue e febre amarela e robovirus (hantavírus e arenavirus). Coordena projetos de desenvolvimento de kits diagnósticos utilizando biologia molecular para a produção de insumos como antígenos recombinantes e anticorpos monoclonais.