Pesquisador do ICC é um dos editores do Journal of Proteomics
20/12/2014



O pesquisador do Laboratório de Proteômica e Engenharia de Proteínas do ICC, Paulo Costa Carvalho, passou a fazer parte, no último mês de dezembro, do seleto grupo de editores do Journal of Proteomics. O periódico científico, da European Proteomics Association (EuPA), é considerado uma referência internacional na área, com fator de impacto 3.92. Único brasileiro a integrar o corpo de editores da revista, Paulo Carvalho fala em entrevista sobre a importância do convite e do reconhecimento internacional proporcionado pela conquista.




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Paulo Carvalho é o único brasileiro a integrar do corpo editorial da revista



Como surgiu o convite para fazer parte do corpo editorial da Journal of Proteomics?

Na metade de 2014, fui convidado para ministrar um curso de proteômica no Instituto Pasteur, no Uruguai. Entre os professores convidados estava o Editor in Chief da Journal of Proteomics, Juan Calvete. Durante este encontro, tive oportunidade de trocar ideias com ele. Em particular, conversamos muito sobre a carência de especialistas na área de espectrometria de massas computacional, justamente em uma época onde nunca se gerou tantos dados. A minha linha de pesquisa está diretamente ligada a proteômica computacional. Aproximadamente um mês após regressar ao Brasil, recebi convite do próprio Calvete para ser editor de uma seção sobre o tema na Journal of Proteomics.



Qual a importância da área de proteômica / espectrometria de massas computacional? Pode nos dar um panorama dessa área?

Um dos objetivos da proteômica é identificar e quantificar o perfil proteico de um sistema biológico em diferentes estados: fluido, tecido, etc. Alguns objetivos de fronteira também incluem a aplicação de espectrometria de massas para auxiliar a determinação de estruturas protéicas e estudos de interação proteína-proteína, etc.

Experimentos proteômicos geram grandes quantidades de dados provenientes de espectrômetros de massas. O sucesso de um experimento depende do casamento de uma boa pergunta biológica com a idealização de um desenho experimental e metodologia de análise dos dados. Grupos dependentes de algoritmos comerciais ou desenvolvidos por terceiros possuem limitações nas possibilidades de como minerar os dados e, muitas vezes, inovar no desenho experimental; estes últimos, frequentemente encontram-se atrelados à engenharia de métodos computacionais. Adicionalmente, é fácil equivocar-se na utilização de ferramentas alheias quando não possuímos domínio dos algoritmos envolvidos. Por estes motivos, cada vez mais, apenas grupos que retêm o conhecimento de como gerar e “minerar” extensivamente os dados terão maior chance de acrescentar contribuições mais impactantes na área.

Todas as etapas de análise de dados realizadas pelo nosso grupo utilizam ferramentas desenvolvidas por nós. O diferencial de nosso grupo (i.e., Laboratório de Proteômica e Engenharia de Proteínas) é agregar especialidades que abrangem desde a pergunta biológica, toda a parte referente ao desenho experimental, espectrometria de massas e, engenharia de software; tal procedimento nos dá liberdade de trilhar nosso próprio caminho.

Portanto, a espectrometria de massa computacional, representa a união destas especialidades e seus resultados causam um impacto imediato no ICC, na pesquisa nacional e internacional. Aproveito a oportunidade para comunicar que ministro um curso na Fiocruz – PR exclusivamente voltado para análise de dados proteômicos.



O que representa para você ser o único brasileiro a integrar este seleto grupo de editores?

É uma grande honra, por considerar um reconhecimento internacional da qualidade e originalidade do nosso trabalho. Adicionalmente, orgulho-me em ver ao lado de meu nome o da minha instituição, Fiocruz, a qual tenho grande admiração. Finalmente, a felicidade de representar a proteômica brasileira em um fórum de prestigio internacional.

ASCOM/ICC
Assessoria de Comunicação Instituto Carlos Chagas
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