Fiocruz Paraná integra rede que avalia resposta ao uso de diferentes vacinas contra a COVID-19

por / terça-feira, 16 agosto 2022 / Categoria Instituto Carlos Chagas

A combinação de vacinas diferentes tem sido utilizada como estratégia para aumentar a imunização contra a COVID-19, ampliando a cobertura vacinal da população no contexto de escassez global de imunizantes durante a pandemia. No Brasil, diferentes formulações vacinais foram aplicadas contra a COVID-19 mas ainda há poucos estudos sobre como o sistema imune responde a cada uma destas combinações.

Com o objetivo de preencher essa lacuna, um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai avaliar os efeitos da imunização com combinações das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, que foram administradas no Brasil, e ajudar a estabelecer diretrizes de uso de diferentes formulações vacinais (intercambialidade) para proteger a população.

Na região Sul, o projeto está sendo conduzido pelo Instituto Carlos Chagas (ICC-Fiocruz Paraná), em Curitiba, sob coordenação da doutora Pryscilla Fanini Wowk e em parceria com os doutores Wander Pavanelli, da UEL, e Carlos Rodrigo Zárate Blades, UFSC.

“Já sabemos que, com o passar do tempo, os níveis de anticorpos neutralizantes contra o vírus vão se reduzindo, mas a formação de células de memória, os linfócitos, garante que após a infecção a produção de anticorpos seja restabelecida, e que a resposta celular dos linfócitos específicos reconheça e destrua as células infectadas. Estes dois mecanismos de resposta em conjunto protegerão os indivíduos vacinados do desenvolvimento de uma doença grave.” esclarece Pryscilla.

As coletas de amostras de sangue e swab nasal de voluntários já estão sendo realizadas e o material está sendo processado para análise de diferentes parâmetros imunológicos, como produção de anticorpos e resposta imune celular específica contra o coronavírus (SARS-CoV-2).

Podem participar como voluntários do projeto indivíduos entre 18 e 55 anos de idade, que não tomaram a vacina ou que tenham tomado de 1 a 3 doses das vacinas (CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer). Os voluntários não podem estar fazendo uso de corticóides. Será coletada uma amostra de sangue (3 tubos) e swab nasal para diagnóstico de COVID-19.

Os participantes terão acesso aos resultados dos testes após a conclusão. As coletas estão sendo realizadas no Instituto Carlos Chagas (ICC-FiocruzParaná), na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para participar basta preencher o formulário do QRcode ou enviar um e-mail para intercambialidadeSUL@gmail.com e aguardar o contato para agendamento da coleta.

A pesquisa está sendo financiada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS) e abrange as cinco regiões do país. Ao todo, sete unidades da Fiocruz vão atuar na pesquisa. Com coordenação nacional do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), o projeto será desenvolvido em parceria com Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Fiocruz Rondônia, Fiocruz Mato Grosso do Sul, Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia) e Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná).

A coordenadora nacional do projeto e pesquisadora do Laboratório de Imunofarmacologia do IOC/Fiocruz, Adriana Vallochi, ressalta que a combinação de imunizantes pode gerar uma resposta imune intensa e duradoura. Porém, não é possível estabelecer protocolos de intercambialidade sem estudos que confirmem a efetividade dos diferentes esquemas vacinais.

“Ainda não há dados publicados sobre a intercambialidade das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Os resultados do projeto devem esclarecer se os protocolos com combinação dessas vacinas induzem proteção e qual a duração da imunidade. Essas informações podem contribuir para o planejamento do Programa Nacional de Imunizações, o PNI, apontando esquemas mais efetivos”, destaca Adriana.

 


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