Vacinas são as ferramentas mais importantes para o controle das principais doenças infecciosas

por / sábado, 15 Maio 2021 / Categoria Sem categoria

“A Faculdade de Farmácia lhe dá a melhor das formações para atuar na área de pesquisas biomédicas”, diz Marcio Rodrigues, farmacêutico e pesquisador do Instituto Carlos Chagas (ICC), unidade técnico-científica regional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Paraná. “A base que adquirimos em ciências biológicas e química permite que qualquer um de nós entre, com grande preparo, na área de pesquisa”, argumenta.

Especialista em Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública do ICC, Márcio foi estudante de iniciação científica no Instituto de Microbiologia da UFRJ, onde fez graduação, mestrado e doutorado. Com pós-doutorado na UNIFESP, se tornou professor concursado do Instituto de Microbiologia em 2002. Uma década depois, passou a trabalhar na Fiocruz-RJ, na área de Ciências Translacionais, no Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Em 2018, se transferiu para o Instituto Carlos Chagas da Fiocruz-PR. “Desde o início de minha carreira, como estudante de iniciação científica, trabalho tentando entender como fungos causam danos ao hospedeiro humano”, explica.

Nesta edição do Farmacêutico em Foco, ele aborda seu trabalho como pesquisador no Instituto Carlos Chagas, dá dicas sobre como se desenvolver na área e comenta o fundamental peso das vacinas para a saúde pública. Confira abaixo!

CRF/RS – Quais são suas principais atividades no Instituto Carlos Chagas? Cite algumas pesquisas em que você se envolveu.

Marcio Rodrigues – Minha missão no Instituto Carlos Chagas é desenvolver pesquisas básicas e aplicadas na área de infecções fúngicas. Lidero projetos de pesquisa básica focada em mecanismos de secreção de fatores de virulência em fungos e, na área aplicada, lidero projetos de desenvolvimento de fármacos antifúngicos. Coordenei entre 2018 e 2021 o Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia do Instituto Carlos Chatas.

CRF/RS – No RS, estivemos há pouco na Semana do Uso Racional de Medicamentos (05 a 11 de maio), e neste ano a campanha do CRF/RS teve como tema “Vacina é prevenção!”. A iniciativa objetivou destacar que vacina é um medicamento, onde o farmacêutico é o profissional da saúde que participa de todo o ciclo da imunização, além de ressaltar também a queda na cobertura vacinal no país. Fale um pouco sobre o papel da pesquisa para a produção de vacinas e a relevância disso para a saúde pública.

Marcio Rodrigues – Vacinas são as ferramentas mais importantes para o controle das principais doenças infecciosas. Na minha área primária, por exemplo, sofremos enormemente com a inexistência de vacinas capazes de prevenir doenças fúngicas: não há nenhuma licenciada. A pandemia nos ensinou, dentre muitas outras coisas, que as vacinas são ferramentas não só de prevenção de doenças, mas de manutenção da atividade econômica e de manutenção de nossas relações sociais, de família e trabalho.

Vivenciamos um momento histórico: tivemos vacinas licenciadas em tempo recorde. Isso só foi possível por conta do alto volume de conhecimento adquirido ao longo de décadas de investimento em pesquisa. Sem esse cenário, estaríamos com perspectivas muito negativas. Investimento em vacinas é, portanto, fundamental para vários elementos de nossas vidas e não há dúvidas sobre o protagonismo da área de Farmácia nessa área.

CRF/RS – Recentemente, o Brasil perdeu a certificação internacional de erradicação do Sarampo e, além da pandemia, o país enfrenta um grande aumento do número de casos de febre amarela. Quais as razões disso e o que pode ser feito a respeito?

Marcio Rodrigues – Temos aprendido continuamente que o cenário de expansão ou controle de doenças infecciosas é dinâmico. Doenças emergentes surgem com frequência muito maior do que gostaríamos, e doenças aparentemente controladas re-emergem, como é o caso de sarampo e febre amarela. O controle de doenças como essas foi uma conquista dos setores de pesquisa e saúde pública no Brasil e devem ser preservados a qualquer custo. São exemplos de que devemos estar atentos a novas doenças, mas também manter controle sobre doenças conhecidas. Afinal, não há doença mais importante: o mais importante é a saúde, acima de tudo.

CRF/RS – O que você diria para um estudante ou farmacêutico que deseja ser pesquisador? O que é fundamental nesse trabalho?

Marcio Rodrigues – Ser pesquisador é uma atividade que demanda trabalho duro, persistência e forte censo crítico: não há qualquer necessidade de brilhantismo ou de algo parecido, apenas dedicação e seriedade. Entretanto, há elementos importantes para o desenvolvimento profissional nessa área, como formação básica e conhecimento de língua inglesa. Sobre a formação básica, entendo que não há curso que forme melhores pesquisadores do que a Farmácia. Sobre o conhecimento de língua inglesa, é fundamental para qualquer área, mas é preciso apontar que a ciência é internacional. Dessa forma, o domínio de língua inglesa ajuda a derrubar fronteiras que, de fato, não devem existir na atividade científica.

Para meus colegas, estudantes ou farmacêuticos graduados, que desejam ser pesquisadores, eu diria: venham, venham já. Precisamos de sua força de trabalho! O momento da pesquisa no Brasil é delicado e investimentos em ciência e pesquisa vem caindo muito, mas não só resistiremos como nos reergueremos para manter o trabalho de alto nível que temos feito como comunidade científica.

 

Publicado em: https://www.crfrs.org.br/noticias/vacinas-sao-as-ferramentas-mais-importantes-para-o-controle-das-principais-doencas-infecciosas


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