Pesquisadores da Fiocruz recebem título da Ordem Nacional de Mérito Científico

por / quinta-feira, 18 outubro 2018 / Categoria Instituto Carlos Chagas

Os pesquisadores Celina Turchi (Fiocruz Pernambuco), Manoel Barral Netto (VPEIC e UNA-SUS) e Samuel Goldenberg (Fiocruz Paraná) receberam insígnias e diplomas da Ordem Nacional do Mérito Científico em cerimônia realizada na tarde desta quarta-feira, 17 de outubro, no Palácio do Planalto, em Brasília. A pesquisadora Antoniana Krettli (Fiocruz Minas) também foi condecorada.

O título é concedido a personalidades nacionais e estrangeiras que contribuíram e contribuem para a ciência e a tecnologia e se destacaram por sua atuação profissional. Ao todo, 85 profissionais da ciência, tecnologia e inovação foram condecorados, entre pesquisadores, professores, dirigentes de entidades e personalidades. A Fiocruz foi uma das instituições com mais agraciados. 

“As contribuições são de enorme importância para o país e reconhecer seus trabalhos é uma iniciativa que valoriza e promove a atividade científica. Hoje foram homenageados brasileiros ilustres que deram parte da sua vida em favor do desenvolvimento de bons projetos e boas ideias”, afirmou o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Santos Moreira, a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, e a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, estiveram presentes na solenidade. As condecorações foram entregues pelo presidente da República, Michel Temer, e por ministros de estado. 

A premiação da Ordem Nacional de Mérito Científico está sendo retomada depois de cinco anos. Foram escolhidos cientistas com contribuição relevante nas áreas de ciências biológicas, físicas, da terra, agrárias, sociais, humanas, tecnológicas, química, matemática e engenharias. A categoria de personalidades nacionais ou estrangeiras é destinada a pessoas que não são cientistas que contribuíram para o desenvolvimento da ciência e tecnologia.

O título é concedido em duas categorias: Grã-Cruz e Comendador. Os candidatos são indicados por instituições ligadas à ciência e avaliados por uma comissão técnica, formada por nove representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Confira as fotos da cerimônia

Perfil
Antoniana

Antoniana Krettli foi promovida de Comendador para Grã-Cruz, na categoria Ciências Biomédicas. A pesquisadora atua no Laboratório de Malária Experimental e Humana do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas). Tem se dedicado aos testes de medicamentos e estudos sobre plantas medicinais relacionadas ao combate à doença e a estudos sobre a resposta imune na doença de Chagas.  Antoniana é graduada em Farmácia e Medicina, com mestrado e doutorado em parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Fez pós-doutorado no Instituto Pasteur, Paris, com bolsa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Especialização no Centro de Imunologia da Universidade de Lousane (Suíça). Foi a primeira presidente mulher da Sociedade Brasileira de Imunologia, em 1987, e é membro titular da Academia Brasileira de Ciências e consultora da Organização Mundial de Saúde no comitê “Research and Strengthening Group” desde 1992. Recebeu diversos prêmios e medalhas de honra de sociedades científicas, como a placa Women in Science Senior Award-I Edition of the Award e Honra ao Mérito Científico do Governo Federal e do Estado de Minas Gerais. 

Celina recebeu o título de Comendador pelo estudo que relaciona a zika com a microcefalia. Para a pesquisadora, a Fiocruz é uma instituição que agrega diversos cientistas, dá espaço e tem a perspectiva de montagem de redes de pesquisa e projetos interinstitucionais, que facilitam e avançam na produção de conhecimento, principalmente em momentos de emergência e de crise. “É uma instituição enérgica e proativa em resolver problemas de saúde pública, que tem essa visão de produção de conhecimento para redução de desigualdades, por isso merece continuidade. Fui acolhida pela Fiocruz Pernambuco, à sou muito grata, e estou representando as redes de pesquisadores”, completou.

Celina Turchi coordena o Grupo de Pesquisa de Epidemia da Microcefalia, em Recife (PE), com projetos de pesquisa na área de infecção pelo vírus Zika. A pesquisadora entrou para a história da medicina brasileira e acumula grandes conquistas em seu currículo. Em 2016, entrou na lista das dez mais importantes cientistas pela revista Nature e no ano seguinte foi eleita como uma das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Recebeu outros prêmios como o Péter Murányi 2018, edição Saúde, o prêmio Faz Diferença do jornal O Globo, a Medalha Mietta Santiago, concedida pela Secretaria da Mulher e pelo Presidente da Câmara dos Deputados, além da concessão de professora emérita da Universidade Federal de Goiás e do Título de Cidadã de Pernambuco.

Manoel Barral Netto foi promovido de Comendador para Grão-Cruz, na categoria Ciências Biomédicas. Para ele, o agraciamento é um reconhecimento do trabalho que envolve fazer pesquisa e trabalhar na gestão de pesquisa. “A Fiocruz, entre os agraciados, teve um número importante de participações, um título de comendador e três Grã-cruz. Foi uma das instituições que mais teve representação na solenidade. Ninguém trabalha em pesquisa fora de uma instituição. Além de um reconhecimento de mérito, é um reconhecimento institucional”, afirmou.

Manoel Barral é membro da Sociedade Brasileira de Imunologia, sendo seu atual presidente, e membro da American Society of Tropical Medicine and Hygiene. É consultor do CNPq e da Finep e membro do Comitê Assessor da Capes para as áreas de Imunologia, Parasitologia e Microbiologia. Foi diretor do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), é vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz e secretário executivo da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). Recebeu um dos prêmios Unesco-Guiné Equatorial de Pesquisa em Ciências da Vida 2015 pelos trabalhos sobre a leishmaniose e a malária.

O pesquisador atuou também na Universidade Federal da Bahia, como Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e diretor da Faculdade de Medicina da Bahia. Consolidou a formação de um grupo de pesquisa sobre a imunorregulação das infecções experimentais e humanas por parasitas do gênero Leishmania, estudou e publicou trabalhos também na área de toxicologia e imunologia de venenos. Uma colaboração com a Universidade Cornell deu origem a uma série de trabalhos fundamentais em imunologia das leishmanioses humanas, publicados em jornais e revistas internacionais. Estes estudos transformaram o grupo de imunologia de leishmanioses da UFBA num dos principais centros de pesquisa mundial no tema. 

Samuel Goldenberg também foi agraciado com o título Grão-Cruz. Para ele, a importância do prêmio é o reconhecimento do trabalho que tem sido feito há 35 anos em prol da ciência e da saúde do Brasil. “O título mostra a qualidade do trabalho feito e a importância da Fiocruz, visto por outros avaliadores da atividade científica. Fico muito feliz porque é o reconhecimento do trabalho. Apesar de todas as dificuldades que temos, de todos os empecilhos que encontramos no dia a dia para fazer ciência no Brasil, ainda é possível fazer”, completou.

Samuel é pesquisador do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná). Graduado e mestre em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília, contribuiu também para o estudo de genes do protozoário Trypanosoma cruzi, que levou ao desenvolvimento de um kit de diagnóstico para doença de Chagas. Este kit foi considerado como de excelência pela Organização Mundial da Saúde e resultou na primeira patente internacional da Fiocruz e na outorga do Prêmio Governador do Estado Invento Brasileiro em 1993. Goldenberg participou do desenvolvimento do primeiro micro-array (biochip) contendo genes do T. cruzi, abrindo um importante caminho para os estudos de genômica funcional deste parasita. 

Foi coordenador da implantação da Fiocruz no Paraná, diretor do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e diretor do Instituto Carlos Chagas.  Foi presidente da Sociedade Brasileira de Protozoologia e da Sociedade Brasileira de Genética. Tem uma vida acadêmica extensa, formando 19 doutores. Foi citado em artigos mais de 4600 vezes, tem 144 artigos publicados e sete capítulos de livros. O biólogo recebeu o prêmio Almirante Álvaro Alberto e a Medalha Samuel Pessoa da Sociedade Brasileira de Protozoologia (SBPz). Foi agraciado com duas Ordens Nacionais do Mérito, na classe Comendador: Científico e Médico. É membro Titular da Academia Brasileira de Ciências e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Diagnóstico em Saúde Pública.


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