Pesquisadora do ICC participa de evento de estímulo ao desenvolvimento científico na África

por / segunda-feira, 30 Janeiro 2023 / Categoria Instituto Carlos Chagas

Beatriz Guimarães, pesquisadora do Laboratório de Biologia Estrutural e Engenharia de Proteínas do ICC, viveu uma experiência única dias atrás, quando esteve na África para dar uma palestra sobre sua área de atuação na Conferência Pan-Africana de Cristalografia, ocorrida entre os dias 17 e 21 de janeiro, em Nairóbi, no Quênia.

Para conhecer um pouco mais sobre essa experiência, leia o que nos conta a pesquisadora.

Embora participar de eventos científicos internacionais seja uma atividade habitual aos cientistas da casa, qual o aspecto em que este evento particularmente marcou você?

Além de ser um evento científico, um dos principais objetivos do encontro foi promover e estimular a expansão da cristalografia no continente africano. Havia também o objetivo de sensibilizar autoridades sobre a necessidade de investimento em ciência e tecnologia como base para o desenvolvimento econômico do continente, havendo inclusive divulgação do evento nas redes de televisão.

O tema da conferência foi “Mobilizando a Cristalografia para a Transformação Científica e Tecnológica da África”, e dava para sentir um engajamento muito grande de todos os participantes, pesquisadores e estudantes de diversos países africanos, em prol dessa transformação. Foi bastante marcante testemunhar o comprometimento e a dedicação dos estudantes, apesar das condições muitas vezes desfavoráveis que enfrentam para o desenvolvimento de seus projetos.

Como aconteceu a sua participação nesse evento?

Através da União Internacional de Cristalografia (IUCr), que foi um dos patrocinadores e organizadores do encontro. Na verdade, meu nome foi indicado por membros da IUCr para a Associação Africana de Cristalografia e um dos membros da associação africana me convidou. Como havia vários pesquisadores europeus convidados, creio que houve um desejo de contar também com um “representante” do Brasil/América Latina.

De que forma essas associações podem contribuir para alavancar áreas científicas em países em que estas ainda são incipientes?

A IUCr tem programas de apoio ao desenvolvimento da cristalografia e suas diversas subáreas, através de cursos, organização de encontros e, em alguns casos, o financiamento de novos laboratórios que possam permitir a formação de novos centros de pesquisa. As associações continentais e/ou pátrias, por exemplo a Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr) ou a Associação Latino-americana de Cristalografia (LACA), são membros da União Internacional de Cristalografia e atuam mais especificamente para a promoção e desenvolvimento da cristalografia em seus respectivos países ou continentes.

A sua participação neste evento está alinhada com o IX Congresso Interno da Fiocruz, que destaca as parcerias internacionais para a cooperação estruturante em saúde. Como você vê a participação do ICC, intermediada por você, dentro dessas comunidades científicas da área de cristalografia? Quais os espaços possíveis de imediato e a médio e longo prazo para colaboração na perspectiva de apoiar essa área em outras regiões?

Considero muito importante essa possibilidade de apoio ao desenvolvimento da cristalografia em países onde ela é incipiente ou inexistente. O que vejo como espaços possíveis de atuação seriam na formação de recursos humanos, tanto pesquisadores como estudantes de pós-graduação, e também, idealmente, a médio e longo prazo, apoio para implementação de infraestrutura local.

Cumprindo essa resolução da Fiocruz, de fortalecer a cooperação Sul-Sul, em especial com os países africanos, de que forma você vê que pode apoiar efetivamente o desenvolvimento desse campo científico na África?

O apoio mais viável a curto prazo seria na formação de recursos humanos, com a organização de cursos e workshops. Mas essas iniciativas precisam de continuidade e garantia de que, localmente, os pesquisadores e estudantes terão condições de realmente implementar e desenvolver os seus projetos. Já existem iniciativas da União Internacional de Cristalografia direcionadas ao continente africano. Imagino ser possível a integração da Fiocruz e da Associação Brasileira de Cristalografia nessas iniciativas, contribuindo para a sua expansão. Creio de poderíamos explorar possibilidades concretas de apoio a médio e longo prazo, através da implementação programas de cooperação específicos na área de cristalografia, com os países africanos.

Fotos: https://pccr3africa.org/


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