A taxa de prevalência da toxoplasmose é de aproximadamente um terço da população humana mundial. Devido a sua importância na saúde pública, muitos estudos buscam comparar geneticamente os isolados para assim compreender melhor a distribuição desse parasita. Estudos com isolados da América do Sul documentaram a descoberta de cepas geneticamente atípicas (não clonais) de T. gondii, que causaram sintomas clínicos muito mais exacerbados em comparação com suas contrapartes europeias. Acredita-se que a maior frequência e gravidade de toxoplasmose congênita no Brasil também esteja associada ao predomínio de cepas atípicas. A notificação de surtos é uma atividade compulsória da vigilância em saúde e por isso importante na investigação epidemiológica, porém ainda existe uma carência de estudos aprofundados quanto as características biológicas dos isolados brasileiros. O aperfeiçoamento de métodos de análise em larga escala, como genômica, transcritoma e proteômica, tem sido crucial na exploração de diferenças biológicas em diversos modelos, ajudando a garimpar novos mecanismos moleculares envolvidos com diferentes aspectos da patologia de doenças. Como também, identificar marcadores genéticos/biológicos que podem ser utilizados em métodos diagnóstico mais específicos. Inspirados nestas possibilidades, nosso trabalho pretende obter dados envolvendo quanto os aspectos genéticos e biológicos de isolados brasileiros de surto geneticamente divergentes. Este projeto faz parte de uma parceria entre o ICC, UEL e grupos especializados em análises em larga escala. A ideia principal é usar o isolados de surto para gerar um pipeline de obtenção de dados em larga escala associada a modelagem por análises alternativas de bioinformática que permita trazer novidades quanto aos aspectos biológicos destes isolados. Tais abordagens criam a oportunidade de gerar um conjunto de dados que será utilizado em análises de bioinformática para revelar/inferir novas relações moleculares. Com isso, gerar provas de conceito testadas experimentalmente e assim, contribuir para o melhor entendimento da patogênese desta doença no nosso país, e até mesmo para melhoria do diagnóstico e tratamento.
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Laboratório dePesquisa em ApicomplexaCoordenação: Letusa Albrecht