Laboratório no Paraná amplia capacidade e precisão de diagnóstico de zika
Nova técnica, desenvolvida por pesquisadores da Fiocruz, permite analisar quantidade de amostras que levariam meses em poucas horas.
Uma técnica desenvolvida pelos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Paraná amplia a capacidade e a precisão do diagnóstico de zika. Atualmente, a análise de cada paciente leva 10 dias no laboratório, que tem capacidade para oito testes diários. A nova tecnologia, inédita no país, permite a análise simultânea de 1,5 mil amostras por hora.
Os novos equipamentos, em funcionamento há cerca de seis meses no Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz em Curitiba, também permitiram o aumento de 50% para 91% na exatidão do teste que faz a diferenciação entre dengue e zika.
“Conseguimos desenvolver um teste de diagnóstico com bastante precisão, utilizando equipamento ultramoderno, que permite analisar muito mais amostras em menos tempo. E essa é a ideia: oferecer oportunidade de diagnóstico às pessoas”, afirma Cláudia Nunes Duarte dos Santos, virologista e chege do laboratório.
O grupo aliou uma técnica clássica de virologia com equipamentos de alta tecnologia de processamento para ampliar a capacidade de diagnóstico das doenças.
Em média, no país, são notificados cerca de 4 mil casos possíveis de zika por semana. Com o uso da nova técnica, a análise demoraria pouco mais de três horas, por exemplo.
Cláudia explica que o teste desenvolvido no laboratório não se baseia mais no olho humano, e sim em “fotografias” da ação do vírus nas células. “O equipamento tem capacidade para fotografar milhares de imagens por minuto e nós fazemos a leitura visual na tela”, indica a virologista.
No caso da zika, atualmente, os testes no país são feitos somente em gestantes, grupos prioriátrios e pessoas que apresentam os sintomas. O novo procedimento permitirá, por exemplo, uma pessoa saber se já foi infectada pelo vírus e não manifestou a doença – importante para mulheres que pretendem engravidar.
O projeto
A metodologia utilizada para a análise das amostras está em processo de patenteamento pela Fiocruz Paraná e em fase final da validação. Em junho, o laboratório recebeu amostras da rede pública para serem testadas pelo novo protocolo.
A plataforma tecnológica conta com dois equipamentos, ao custo de cerca de R$ 2 milhões cada, que utilizam o sistema de análise de alta performance por imagem – um doado por uma instituição internacional e outro financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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O objetivo é ampliar o alcance do trabalho, customizar os processos para realizar a detecção de outros vírus emergentes. “Estamos trabalhando para validar o método para o diagnóstico de febre amarela. Ainda temos alguns desafios, como a equipe de profissionais reduzida, mas nosso objetivo é nos tornarmos um centro importante para a área no país”, diz a virologista.
A tentativa, como diz Cláudia, de “tropicalizar” o teste – utilizando tecnologia nacional – também permitirá incluir análises de outras doenças, como H1N1 e chikungunya. “Estamos buscando ter competência instalada para que em uma eventual epidemia de alguma doença viral nós possamos ter respostas rápidas”, destaca a pesquisadora.
Protagonismo
O grupo de pesquisadores do laboratório foi responsável pela confirmação, por meio do sequenciamento do genoma viral, da presença do zika em oito amostras humanas vindas do Rio Grande do Norte, em maio de 2015.
Em 2016, a equipe divulgou resultados de uma pesquisa que reforçou a relação entre o vírus e as más-formações congênitas. Passo importante para ter uma ideia mais ampla da infecção do vírus e potenciais mecanismos de transmissão, além de ter uma dimensão quantitativa de pessoas infectadas.
G1 Paraná: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/laboratorio-no-parana-amplia-capacidade-e-precisao-de-diagnostico-de-zika.ghtml